tag:blogger.com,1999:blog-52956265231953185242024-03-12T17:07:27.757-07:00Noites Insones"Se alguém te perguntar o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo..."Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.comBlogger57125tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-39737297648388385012016-09-13T19:50:00.003-07:002016-09-13T19:50:39.088-07:00Das certezas...A você, a quem tantos textos deste blog foram dedicados e você nunca os leu.<br />
A você, que causou tanta dor traduzida em palavras nestes textos esquecidos.<br />
A você, que tanto me ensinou sobre o amor e sobre mim, fosse com o carinho ou com a indiferença.<br />
A você, a quem eu não chamo mais de namorada,<br />
te escrevo o ultimo texto.<br />
<br />
Não tenho a menor certeza se deveria ter feito o que acabei de fazer. As lágrimas correm sem confirmar ou negar nada, evidenciam apenas o amor que existiu um dia. Quão curiosa essa sensação, me sentia tão indiferente algumas horas atrás. Na hora do vamos ver as coisas sempre são diferentes... Foi preciso me convencer de que aquilo era o certo, de que seria melhor para nós dois.<br />
<br />
Realmente não sei quais os meus sentimentos por você, sei apenas que não são mais os mesmos de outrora. Tesão, carinho, afeto, dependência... Em que medida estão agora?<br />
A única certeza que tenho neste momento é de que é preciso mudar. Algo não estava certo na minha vida e é preciso retirar o equilíbrio e me obrigar e me mover. Não faço idéia do que virá agora, se passarei meses pensando em você ou não. De um jeito ou de outro, quando você saiu por aquela porta hoje não foi como das outras vezes. Dessa vez você não vai me mandar uma mensagem para avisar que chegou bem e nem outra amanhã de manhã para me contar do trânsito que pegou. Não vou mais planejar surpresas de amor e nem perguntar como foi o seu dia. Acabaram-se as discussões para decidir onde jantar (na verdade, a ausência de discussão onde só queremos que o outro decida onde ir).<br />
<br />
Nossa história terminou e não foi feliz para sempre. Foi feliz em alguns momentos, triste em outros, café morno em mais alguns. Agora, a única felicidade que resta é a certeza de que vivi um amor.<br />
<br />
Fico por aqui, preciso jogar sua escova de dente fora...Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-3186751396074279652016-05-17T22:06:00.001-07:002016-05-17T22:07:24.330-07:00Da solidão...A solidão é algo inerente à experiência humana. Sozinhos nascemos e sozinhos morremos. Durante a vida, contudo, é possível iludir-se. Nos amores, nas companhias, nas amizades e nas distrações. Vez por outra, contudo, a verdade nos cai irrefutável.<br />
Não consigo dormir e me vejo sentado neste apartamento vazio tocando as mesmas músicas de sempre no violão. Abro a janela para ter a companhia da cidade. Me sinto sem forças e não sei o quanto valho. Não sei do que sou capaz. Não consigo dormir nem consigo acordar. Tampouco consigo me manter acordado e escrevo estas palavras apenas na esperança de conseguir descansar para poder enfrentar o dia que se avizinha, cada vez mais próximo com o passar das horas. Tenho vontade de fugir e abandonar tudo. Não suporto as expectativas sobre mim. A sensação de dever não-cumprido. A sensação de fracasso. A sensação de não poder dividir esse fracasso egoísta todo meu.<br />
Nunca confiei muito nas pessoas, eu acho. Acho que tenho mais capacidade de confiar em estranhos, ou não publicaria coisas nesse blog. Sempre fui muito calado, não sei bem se para me defender ou por escolha. Provavelmente um pouco dos dois e escolhi me defender através do silencio. Aprendi a sofrer calado; essa coisa de dividir o sofrimento com os outros nunca fez muito sentido para mim, que sempre gostei de ficar sozinho. Lembro de brincar muito com amigos quando criança e progressivamente brincar cada vez mais sozinho. Acho que nunca me dei conta, mas, de fato, todas as minhas brincadeiras são realizadas sem companhia. <br />
O outro é uma obrigação. Um dever. Uma necessidade, mais do que uma escolha. O foda é que o EU é o OUTRO. O sujeito é uma ilusão.<br />
Frase. Frase. Frase. Frase.<br />
Acho que perdi um pouco da fé em mim mesmo. Preciso de alguém que acredite em mim. Que me diga que eu consigo quando eu acho que não consigo. O pior é que esses alguéns existem, mas os sinto inacessíveis. Como dividir um sofrimento banal com alguém que sofre tanto por mim? Que arrisca tanto por mim? Qual o direito que eu tenho de importuná-la com minhas levianidades?<br />
Enfim, sigo na angústia. Sustento o quanto posso, sublimo o quanto consigo.<br />
<br />
Se não tenho voz, escrevo. Como sempre, o sofrimento é incalável.<br />
Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-26902594514409743082016-02-07T23:37:00.000-08:002016-02-07T23:37:45.361-08:00Passado. Presente. Futuro?Eis que a felicidade presente evidencia a tristeza do passado. Como um clarão repentino que me mostra o quão escuro era antes sem que eu me desse conta realmente. Tudo que há hoje é o que eu sempre quis por tanto tempo. Tanto, tanto tempo... (Qual a relação do tempo com o desejo?) Chega a ser cômico: a cada momento que me enfelicesse, me lembro de outro análogo que me entristece. Eu achava realmente que aquela era a sua forma de se relacionar. Que aquela era você. Bom, de fato era, mas eu não conseguia ver que outra poderia existir. Me surpreendo a cada gesto de carinho atualmente, e cada um deles mostra o quão possível você é - e o quão impossível era aquela relação. A cada novidade vejo que o passado não era a única opção. Não precisava ser daquela forma.<br />
Uma raiva se constrói associada a esse familiar sentimento de não ser o bastante. Raiva de mim e de você, sinto muito. De mim por ter me permitido por tanto tempo ficar naque(ss)la situação, de você por ter jogado pacientemente o jogo. Por ter ganhado ele, talvez? Mas da minha paciência e do que foi visto e não foi dito, principalmente. E que se faz dizer agora, nas noites insones, calado jamais.<br />
<br />
Produz. O indizível produz. Incalável.<br />
<br />
Aperto no peito do caralho. Filho da puta inexplicável. Ansiedade. Nem sei como eu gostaria que tivesse sido a nossa história. Menos tortuosa, talvez? Mas estaríamos onde estamos? Gostaria tampouco de onde estaríamos? Incabível especular. Acho que devo agradecer, de lá pra cá, no entanto. Agradecer a todas as mulheres que me deram confiança. A todas aquelas que me mostraram meu valor. Amor, me desculpe, mas você em grande parte não foi uma delas. Talvez seja isso que doa mais, pois o inverso provavelmente sempre foi verdade...<br />
<br />
A palavra é necessária.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-14359496355231918402015-06-11T18:57:00.000-07:002015-07-25T10:04:53.792-07:00Daquilo que fica...Aprendizado<br />
<br />
<br />
<br />
Acho que finalmente entendi:<br />
<br />
Amei a ti por ser mais fácil<br />
Mais fácil do que amar a mim<br />
<br />
<br />
E agora cada vez mais entendo:<br />
<br />
Você não me querer foi o começo<br />
O começo d'eu gostar de mim<br />
<br />
<br />
Creio que um dia entenderei:<br />
<br />
Alguém não me querer não é o fim do mundo<br />
Mas, se nem eu me quero, o mundo termina, enfimCaio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-47590251238419225002015-03-26T22:09:00.000-07:002015-06-11T19:00:59.822-07:001:55 - 2:07Como elaborar o que tivemos?<br />
Como entender o que há agora? - Se é que há alguma coisa<br />
Eu, pelo menos, já achava que não havia muito<br />
Mas eis que eu não consigo dormir e a porra do seu nome não me sai da cabeça<br />
<br />
Não faço ideia, honestamente, de quais meus sentimentos em relação a você<br />
Muito menos - mas essa também não é nova - quais os seus em relação a mim<br />
<br />
Sim, eu sei, já escrevi melhor<br />
As palavras talvez rimassem outrora<br />
Metáforas e metonímias, onde estão agora?<br />
<br />
Não, eu não sei, já não escrevo há tempos<br />
Estou farto de falar de amor e dor<br />
Clichês de rima fácil e textos sem sabor<br />
<br />
Que faço eu agora?<br />
Peito apertado e coração derrotado<br />
Insone e cansado<br />
Refém do que não convém<br />
<br />
Eis a metalinguagem: um texto sem forma, nem poema nem prosa e muito menos bem-feito. E, no entanto, aí está: de alguma estranha forma inexorável e insistente o maldito se fez surgir e persiste. Seríamos nós?Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-56611794096433648352014-09-18T22:11:00.000-07:002014-09-18T22:11:17.380-07:00Do tempo...Que dizer do tempo que já não tenha sido dito em outro momento? Este tempo que não para ou que nunca começou (como saberíamos?). De qualquer forma, me peguei hoje a pensar: que é o tempo? Paradoxalmente, me sinto preso em um momento que não passa e, para o meu desespero, no entanto, parece se acelerar cada vez mais depressa. Me sinto preso dentro de um trem a toda velocidade mas desconheço minha situação. Dentro do trem está tudo calmo e sereno mas do lado de fora o vento corta violentamente as suas ferragens. Para onde vai esse trem? Estaria em rota de colisão? Como pará-lo? Ou, mais importante, me parece, como assumir o controle do seu destino?<br />
<br />
São 2 da manhã e uma tosse violenta não me deixa dormir. De fato, Heidegger estava certo: estamos em maior conexão com o tempo quando imersos no tédio.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-80264346438396897892014-09-16T12:17:00.002-07:002014-09-16T12:17:32.430-07:00Do porte de arma...Segurança é produto de uma sociedade igualitária, mas do ponto de vista social e cultural. Não do bélico.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-28572649127034118852014-07-15T08:01:00.001-07:002014-07-15T08:01:25.050-07:00Da bobeira...Tenho aqui duas mão<br />
Cada qual segura uma metade<br />
Do meu coraçãoCaio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-56784830769311684572014-07-05T02:30:00.000-07:002016-02-07T22:40:18.458-08:00Do abandono...Deixaste, amor, o leite fora da geladeira<br />
Azedou<br />
Deixaste, amor, a pasta sem tampa<br />
Secou<br />
Deixaste, amor, a comida no fogo<br />
Queimou<br />
O coração que deixaste sem amor, amor<br />
Gelou<br />
<br />
Deixa, portanto, a minha vida. O inverno está aí, e de frieza já estaremos fartos.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-44739141015371976822014-06-12T20:14:00.001-07:002014-06-14T09:17:12.182-07:00Da reflexão forçada...As coisas que surgem<br />
Nem todas tem nome<br />
A maioria, inclusive<br />
É sem sobrenome<br />
<br />
Chegam assim<br />
Sem saber o que são<br />
Quando dão por si<br />
Aqui já estão<br />
<br />
Menos significante<br />
Mais significado<br />
Mais agonizante<br />
Menos equilibrado<br />
<br />
Não sei se liberdade<br />
É sinônimo de incerteza<br />
<br />
Sei que gosto de ti<br />
E faço o que for<br />
Pois paixão sem nome<br />
Não é menos amorCaio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-78530231051988548062014-03-20T00:37:00.002-07:002014-03-20T00:37:53.906-07:00Das mulheres...Há um tempo que eu tenho essa teoria e aproveitando a visita da fada da insônia resolvi sentar aqui e ver se escrever os meus pensamentos pode me retornar o sono como o fazia outrora.<br />
<br />
Toda mulher tem uma coisa. É sempre uma e não mais. <br />
<br />
Veja bem, toda mulher tem várias coisas, mas existe sempre aquela que há de unificar todas as outras coisas. Aquela característica que se sobressai à todas as outras e que faz com que você se apaixone perdidamente, ou não. Aquela idiossincrasia que te faria atravessar um mar a nado com os pés amarrados. Aquele detalhe que mexe com o seu interior sabe-se lá por que diabos. <br />
Perceba que Maria tem um sorriso lindo, umas pernas de enlouquecer qualquer cristão e uma voz doce de jabuticaba. Mas aquela pinta no rosto... Puta que pariu, aquela pinta mexe comigo. <br />
Joana tem os cabelos mais lindos que já vi e olhos que penetram fundo como a perscrutar a alma incauta. Mas aqueles lábios... Puta que me pariu, aqueles lábios não existem.<br />
Veja bem, cada mulher é infinita. Cada indivíduo enxergará cada mulher de uma forma diferente e verá o "uma coisa" diferente. Assim, existe a Joana dos lábios para um e a Joana das sobrancelhas para outro. Pode ser a Maria que pronuncia os "R"s de um jeito engraçado ou a Maria que já leu todos os livros do Simenon. Invariavelmente, no entanto, todas terão A coisa. Pode ser algo pequeno ou grande, realmente não importa. A questão é apenas que essa coisa identifica a mulher no meio de todas as outras. É como aquela pequena parcela de individualidade inexorável; uma impressão digital da alma, vá lá, se quisermos ser poéticos. É a gota d'água que faz o copo transbordar; é o golpe de misericórdia no coração distraído.<br />
<br />
Descubra, portanto, A coisa da sua mulher. Pelo tempo em que essa coisa te exercer fascínio, não se preocupe. Você ainda está apaixonado.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-88079214753870090852014-01-01T13:16:00.000-08:002014-01-01T13:16:23.042-08:00Acaso<br />
Caminhava pela madrugada de Berlim, perdido entre as strasses e o único ponto de referência que possuía: uma alta torre de rádio na Alexander Platz. A brilhante idéia de caminhar pouco agasalhado para o albergue no ar de 1 grau após a falha tentativa de encontrar o trem certo na estação central não parecia mais tão interessante. Apesar de caminhar à noite por ruas desertas de cidades ser um dos meus programas preferidos, a bexiga expandida impedia qualquer desfrutamento. De fato, em quaisquer outras circunstâncias eu estaria adorando a situação. A situação piorava quando eu perdia a torre de vista, ocultada pelos outros prédios, o que me obrigava a seguir apenas o meu senso de direção. Que fique claro que eu me perco até com guia. A caminhada que eu estimei em 10 minutos acabou levando algo em torno de 1h e meia, entre as tantas idas e vindas. Quando eu havia finalmente encontrado os arredores do albergue já passava da meia noite e, virando em uma esquina que anunciava o lançamento do novo video-game de ultima geração algo me chamou a atenção. Era uma igreja linda, e não pude deixar de observá-la por alguns instantes. Me vi dividido entre a bexiga e a beleza da igreja e imaginei que talvez fosse uma boa idéia pedir uns trocados na rua para conseguir pagar o banheiro público e poder admirar com calma aquela maravilha. As constantes viaturas me deixaram inibido para atender às minhas necessidades em uma moita qualquer. Fui até a esquina e comecei a abordar os transeuntes com uma moeda em uma mão e na outra a pergunta: "excuse me, could you change 2 euros for me?". Não consegui deixar de rir dos olhares de reprovação dos casais alemães que apressavam o passo após a minha delicada abordagem. Digamos apenas que não foram poucos. Eventualmente, no entanto, um grupo de texanos se solidarizou com a minha causa e me doou 50 cents. Talvez tenham ficado com pena de meus prováveis problemas mentais quando expliquei que só queria olhar a igreja mas precisava ir no banheiro antes. Resolvida a situação, acendi um cigarro e me acomodei na calçada oposta à igreja. Deitei no chão pra poder vê-la melhor, já que era muito alta. Devo ter passado algo em torno de uma hora com as mãos e as nádegas congeladas tentando descobrir o que tanto me atraíra naquela igreja. Ela era linda e monumental, sim, mas havia algo a mais. Percebi então que não havia deitado exatamente em frente a ela, como planejado. Eu estava um pouco à esquerda, fazendo com que todas as medidas e perspectivas rigorosamente planejadas e tão valorizadas séculos atrás se apresentassem meio enviesadas. Foi então que entendi. A igreja me lembrava ela: a menina do sorriso torto.<br />
<br />
Viva o acaso.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-31068563197310479192013-12-17T18:13:00.000-08:002013-12-17T18:13:54.729-08:00!Nem hedonismo nem niilismo, o negócio é a vivência das intensidades.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-58789615015036252622013-10-06T21:29:00.001-07:002013-10-06T21:29:29.078-07:00MadrugadaAh, se acordar cedo fosse fácil como dormir tarde...Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-51157420185659641532013-10-03T23:25:00.000-07:002013-10-03T23:27:34.134-07:00Da tristeza e do desespero... Há algum tempo que essa história me atormenta de tempos em tempos e acredito ser necessário escrevê-la. Já o deveria ter feito, mas sempre me faltam as palavras. Escreverei agora não por quê as palavras me tenham vindo, mas simplesmente por que elas, acredito eu, nunca o farão.<br />
<br />
Era um dia normal, estava dirigindo para a casa da minha namorada na época. Atravessava distraidamente o costumeiro engarrafamento da avenida das américas naquela noite amena como o fiz em tantas outras. Paramos em um dos sinais vermelhos e eu vi à minha esquerda uma das cenas mais chocantes da minha vida. Não sei exatamente o que diferia aquele menino de todos os outros, mas algo o fazia. Ele estava sentado no meio-fio de um dos cruzamentos onde, acredito eu, ele pedia esmolas. Ele chorava. Sua testa suada apertada contra os joelhos ossudos na posição fetal mais deprimente que já vi. Suas costas arqueavam com os soluços intermitentes enquanto os carros passavam do seu lado ignorando seu sofrimento. Devia ter no máximo dez anos e estava, ao que me pareceu, sozinho.<br />
Até aí tudo bem. Não me leve a mal, mas só isso não é o suficiente para marcar uma impressão tão profunda. A questão foi que eu parei pra pensar. Nos quinze segundos que devo ter passado observando o menino me ocorreu que talvez a mãe daquele menino tivesse acabado de morrer. Ou seu melhor amigo. Ou seu cachorro, sei lá. Porra, talvez o cachorro fosse seu melhor amigo. Ou talvez ele só tivesse olhado pra si e pro mundo e sentido o peso da nossa sociedade. Por algum motivo aquele menino me pareceu a figura mais solitária do universo. Ele não tinha absolutamente ninguém. Ninguém, eu disse. Não havia quem ouvisse seu choro nem que fosse para se irritar com ele e mandá-lo calar a boca. Era ninguém e não tinha ninguém. Nada.<br />
Olhei pra mim mesmo, sentado no meu carro com a minha namorada sentada ao meu lado. Olhei pra ela e olhei pra todos os carros e todo mundo que vivia sua vida normal. A tristeza mais estranha se abateu sobre mim e me desesperei pelo menino. Queria fazer algo por ele. Acho que no fundo queria pedir desculpas, não sei. Peguei então o primeiro retorno e fui até a casa do alemão comprar um sanduíche e alguns salgados para dar de presente para ele. Devo ter demorado uns vinte minutos para voltar ao cruzamento onde o tinha avistado mas ele não estava mais lá. Procurei em outros cruzamentos e sinais mas não consegui encontrá-lo. Terminei na casa da minha ex com o sanduíche na mão e o coração pesado na outra. Me sentia culpado pelo sofrimento do menino. Sei lá, com certeza sou culpado também. Já derramei algumas lágrimas tímidas, não sei se pelo menino em si ou pelo que ele representa. De qualquer forma esse texto não muda nada. Não faz mais do que aliviar o peso na minha alma. Egoísta, patético, ignorante. Não somos todos?<br />
<br />
Eu poderia ter enfeitado esse texto com metáforas e palavras rebuscadas ao invés de tê-lo escrito em dez minutos. Acredito, no entanto, que o menino visceral merecia também um texto visceral. Mais do que visceral, na verdade, eu diria honesto. O máximo que posso oferecê-lo é essa parcela ínfima de honestidade.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-67389797597354089662013-09-15T17:08:00.001-07:002015-03-26T22:12:31.182-07:00Interminado(?)Sombra do ar<br />
Eco do inaudível<br />
Saudade do lar<br />
É indescritívelCaio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-55603124539950028402013-09-07T20:14:00.002-07:002013-09-07T20:14:58.906-07:00Quem tá vivo corre o risco...Ela pede tempo<br />
Pergunto por quê<br />
Que fazer do desalento,<br />
Esperando por você?<br />
<br />
Ela pede tempo<br />
Pergunto por quê<br />
Que fazer dessa vontade,<br />
De ter por aqui você?<br />
<br />
Ela pede tempo<br />
Não sei pra quê<br />
O tempo não dá respostas<br />
Somente oportunidades<br />
<br />
Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-59852636317723796952013-08-31T04:09:00.000-07:002015-07-25T14:12:33.306-07:00SúbitoGostaria de escrever um poema<br />
Que tão lindo abalasse sua certeza<br />
Movesse assim o chão sob seus pés<br />
Ante tamanha perfeição e beleza<br />
<br />
Oferecê-lo talhado em marfim<br />
Talvez numa travessa de ouro puro<br />
Oh, seria uma chiqueza sem fim<br />
De deixar pobre em grandíssimo apuro<br />
<br />
Há, contudo, tão somente um problema<br />
Precisaria o mais lindo poema<br />
Algo igualmente lindo como tema<br />
<br />
Eu poderia descrever no entanto<br />
Esmeraldas por janelas da alma<br />
E esse sor(riso) de derreter o coraçãoCaio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-52511442500786842272013-02-16T23:04:00.000-08:002013-02-17T13:51:02.608-08:00Revele-se......Curinga!<br />
<br />
Mostra sua face,<br />
ante imperscrutável enigma<br />
não deixa que passe<br />
sem se quebrar o paradigma!<br />
<br />
Revela o segredo,<br />
Rasga a neblina,<br />
Finda o medo<br />
E também esta sina<br />
<br />
Guia a grande mudança<br />
Revelando o que está oculto<br />
(E na verdade já tão óbvio)<br />
<br />
Vamos lá, abra os olhos<br />
Revela o evidente, tão óbvio<br />
(E na verdade ainda oculto)<br />
<br />
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Por favor, só não espere 52 anosCaio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-57657921367228125412013-01-28T22:16:00.001-08:002013-01-28T22:16:10.231-08:00Agir......sob ou sobre o impulso? Eis uma questão.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-84317818924153932042011-10-30T20:03:00.000-07:002011-10-30T20:05:52.399-07:00E o que é a verdade......senão uma mentira muito bem contada?Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-20983960580108629562011-08-25T14:09:00.000-07:002011-08-25T14:12:39.116-07:00IdéiaTalvez viver seja
<br />uma invenção da gente
<br />e na verdade a gente
<br />apenas seja.Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-15604909317031026432011-07-22T14:33:00.000-07:002011-07-22T14:56:42.567-07:00DevaneioMudo meu mundo mundano<br />Sem pensar, só pensando<br />Emudeço com a mudança<br />Mudo eu era, mudo estou<br /><br />De mudo um pouco todo mundo tem<br />Lendo isso, você já se emudeceu também<br />Muda, tu não sabes, mas mudas agora<br />Lendo as mudices de um mudo, minha senhora<br /><br />Mudei mudo, mudo mudarei<br />Se o mundo muda mudo<br />Não muda o mundo o mudo?<br /><br />Eu mudo mudo<br />Falo sem mudar<br />Mudo sem falarCaio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-42106326650667275132011-06-08T18:39:00.000-07:002011-06-08T18:43:14.165-07:00O que é a psicologia?A Psicologia sou eu, você, ele e ela; é a urgência de entender o outro na esperança de se entender um dia. São mais perguntas que respostas, é tudo e não é nada, é contraditória e paradoxal. Há quem diga se tratar do “estudo da mente”, mas que é essa mente? Ninguém sabe responder que é essa força misteriosa que move a humanidade, e até mesmo se ela existe de fato. A tarefa do psicólogo é, então, mergulhar no desconhecido familiar, na alma que todos temos e não compreendemos, capturar o que está a um palmo de distância mas é fluido como o ar.<br /> A existente e problemática pluralidade das correntes psicológicas nada mais é do que o reflexo de uma tentativa absurda do homem de estudar algo no qual está completamente inserido. O estudo da alma pelo homem é o mesmo que o estudo da água pelos peixes ou do ar pelos passarinhos. É impossível observar com imparcialidade algo ao qual se está tão intrinsecamente relacionado, e, por isso, surgiram e surgem tantas interpretações diversas na Psicologia. É graças a essas circunstâncias que a psicologia é comportamento, forma, energia, amor deslocado e desejo; é o afã romântico do aprendiz e a desilusão fatigante do mestre. <br /> Essa tal de psicologia que eu marquei na inscrição do vestibular é muito complexa, são necessárias milhões de comparações para se ter uma idéia sua e é confusa como esse texto, mas, no fundo, forçando um pouquinho, talvez, ela é mesmo quase poesia.<br /><br />No último período da faculdade eu pretendo reler esse texto e reescrevê-lo (ou não).Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5295626523195318524.post-26901228251596840042011-06-05T09:11:00.000-07:002011-06-05T09:15:34.203-07:00A linguagem e a razão...Nos limitam absurdamente...Caio Nogueirahttp://www.blogger.com/profile/07801448155622642039noreply@blogger.com0