segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ouvi dizer

Que só era triste quem queria
Que só desejava mal quem não sabia
Que nem tudo era aquilo que se via

Que só falava muito quem
Não tinha nada nem ninguém
Nunca teve nem nunca quis
Perdoar, amar, aceitar... Alguém.

Que os amores todos passam
Que o tempo leva tudo...
Mas será possível que a gente esquece
De lembrar que esqueceu?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Da indiferença

Tudo tão igual, tão igualmente sem sentido. As pessoas vão e vêm, falam e fazem, vivem e morrem e nada muda enquanto as estrelas testemunham o espetáculo da mediocridade rodando, rodando, rodando, voltando sempre ao mesmo lugar, na mesma inutilidade costumeira. Gostaria de acreditar que até mesmo a menor gota contribue para a grandiosidade da torrente e que os atos pequenos fazem valer a dor maior. Gostaria de acreditar em alguma coisa, qualquer coisa na verdade. Mas tanto faz. Tanto faz aqui ou ali, isso ou aquilo, você ou ela, agora ou depois. Dá tudo no mesmo, na mesma merda exaustiva. Sinceramente, uma palavra tem me entalado a garganta ultimamente. O foda-se não parece disposto a sair e muito menos a descer.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Apenas?

Saí pra correr hoje como tenho feito ultimamente. Mais um dia, mais uma corrida, só que dessa vez, por acaso, saí atrasado por volta das 17:00 graças àquele sentimento de que é impossível largar o livro nas ultimas 50 páginas. Alonguei e fui. Fui sem querer chegar a lugar nenhum e sem querer voltar. Passei pelos cachorros abandonados, pelas pessoas sem casa pra morar, - também conhecidos como "pedintes" ou "mendigos" - pela inocência da infância que brincava na esquina, pelo conformismo da idade que sentava na praça... Era apenas mais um dia, todos sabiam. Por quê não seria?
Parei ofegante mais ou menos no meio da curva da orla de Itapuã que já inspirou tantos e sentei num banco quebrado. Enquanto tentava recuperar o fôlego percebi que algo maravilhoso acontecia à despeito de tudo. Sem se importar com meu cansaço, sem se importar com o cachorro que se arrastava com 3 patas, com o casal apaixonado mais à esquerda. Com o dia do vestibular ou as bandas do próximo carnaval... O sol se punha apenas por se pôr, apenas por que é isso que ele faz. Mudava o mundo de cor à seu bel prazer, azul, amarelo, laranja... Deslizando sem pressa no horizonte. De repente me dei conta de que meus olhos estavam vazando. Não conseguiram absorver tamanha poesia e transbordaram. Que prepotência minha querer registrar um milagre no córtex... Voltei para casa no escuro.

Apenas mais um dia. Afinal, o sol se põe todo dia... Mas quem foi que disse que apenas mais um dia é pouco?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Por onde anda a onda...

Sentado na prancha, olhando o céu sem pensar em nada. - O que inclusive é o maior motivo pelo qual eu surfo, consigo tirar férias da minha mente por algumas horas e realmente não pensar em NADA. - Era um dia nublado e cinzento. As ondas dançavam seu típico vai e vém enquanto a chuva caía num frio maldito. Fazia algum tempo que nenhuma onda aparecia e eu já estava cogitando a possibilidade de sair quando de repente, ao longe, avisto a série crescente. A típica reação dos surfistas em volta é imediata: alguns "uhuuus" e todos remando para a frente. Mas algo mais chamou a minha atenção; algo mais que não se vê todo dia. Um senhor, por volta dos seus 45 anos, até então bastante sério e reservado, coloca a língua pra fora arregala os olhos e abre um sorriso de criança; um sorriso de criança que descobre seu brinquedo predileto pela primeira vez. Um sorriso sincero... Me lembrou que sorrisos como aquele são o maior motivo que eu encontrei até hoje para viver essa vida...