terça-feira, 13 de julho de 2010

Apenas?

Saí pra correr hoje como tenho feito ultimamente. Mais um dia, mais uma corrida, só que dessa vez, por acaso, saí atrasado por volta das 17:00 graças àquele sentimento de que é impossível largar o livro nas ultimas 50 páginas. Alonguei e fui. Fui sem querer chegar a lugar nenhum e sem querer voltar. Passei pelos cachorros abandonados, pelas pessoas sem casa pra morar, - também conhecidos como "pedintes" ou "mendigos" - pela inocência da infância que brincava na esquina, pelo conformismo da idade que sentava na praça... Era apenas mais um dia, todos sabiam. Por quê não seria?
Parei ofegante mais ou menos no meio da curva da orla de Itapuã que já inspirou tantos e sentei num banco quebrado. Enquanto tentava recuperar o fôlego percebi que algo maravilhoso acontecia à despeito de tudo. Sem se importar com meu cansaço, sem se importar com o cachorro que se arrastava com 3 patas, com o casal apaixonado mais à esquerda. Com o dia do vestibular ou as bandas do próximo carnaval... O sol se punha apenas por se pôr, apenas por que é isso que ele faz. Mudava o mundo de cor à seu bel prazer, azul, amarelo, laranja... Deslizando sem pressa no horizonte. De repente me dei conta de que meus olhos estavam vazando. Não conseguiram absorver tamanha poesia e transbordaram. Que prepotência minha querer registrar um milagre no córtex... Voltei para casa no escuro.

Apenas mais um dia. Afinal, o sol se põe todo dia... Mas quem foi que disse que apenas mais um dia é pouco?

Um comentário:

  1. PUTA QUE PARIU! Desculpa o palavreado!
    Mas é que ao ler este relato, acabo de encontrar mais um louco (no sentido pleno e lindo da palavra. Acho que você entende o que é isso)!

    Já passei por isso, olhando o céu. Estava bem estrelado, como há muito não o via. E não foi possível controlar as lágrimas.
    Aí a gente para pra pensar e chega a conclusão que quase ninguém se importa com a poesia das coisas simples, das coisas ao nosso alcance - ou ao alcance de nossas almas - e falta a percepção das pessoas em relação a toda essa arte livremente exposta!

    Deixem que a loucura tomem a alma! Não há nada mais gratificante!

    Abraço!

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